16 janeiro, 2007


Tudo começou com uma conversa com meu amigo e jornalista Marcos Souza. Falei pra ele que estava pesquisando para escrever um artigo sobre as melhores trilogias do cinema,no entanto, o que era para ser apenas um artigo foi ganhando peso, a pesquisa se aprofundando e no final tive de dividir em três partes ou numa espécie de trilogia. E o resultado final o caro leitor pode acompanhar a partir de agora. Cinema é assim mesmo. Uma paixão que nos arrebata e quando mais assistimos, lemos, ouvimos ou escrevemos, queremos mais e mais e assim acabei por trazer para o leitor cinéfilo ou não, estas informações para o Blog Almanaque 2007.

Gostaria de oferecer esta trilogia aos amigos Marcos Souza e Eliane Viana, que gentilmente produziram as fotomontagens com cartazes de alguns filmes citados durante o artigo.
Ambos, assim como eu, temos paixão pelo cinema.

Trilogias do Cinema e afins – Primeira parte

O que seria dos produtores sem as continuações

Quando assistimos a um filme queremos sempre saber qual seria o desdobramento do final que é apresentado. Por exemplo: o que aconteceu com Rick e Renaut depois da fuga de Ilsa Lund e Victor Lazlo em Casablanca? Será que Shane, o pistoleiro de Os brutos também amam realmente morreu ou não? Qual o destino de Vicent, filho bastardo de Sonny apresentado em O Poderoso Chefão parte III, depois da morte da Mary e antes da morte de Michael Corleone? Bem são algumas das perguntas que intimamente fazemos ou poderíamos fazer ao término de um filme.

Por que existem as continuações? Para os produtores, uma forma de ganhar mais dinheiro, mas para o público, com certeza uma forma de saber mais sobre determinado personagem e o desdobramento de sua história ou até mesmo o que aconteceu antes dos fatos narrados no primeiro filme. Por exemplo: Como teria sido James Bond antes de se tornar um agente com duplo zero e sua permissão para matar? Ou ainda o que levou o Dr. Hannibal Lecter a se tornar um psicopata? De onde veio Martin Riggs antes de se tornar uma “máquina mortífera”? E John McClane de Duro de Matar?

Começando por O Poderoso Chefão

Muitos são os personagens marcantes de filmes de sucesso ou não,no entanto, um número mínimo é produzido de uma forma que possibilite uma seqüência, digamos, coerente e que satisfaça o público. No geral as continuações buscam apenas o lucro certo reciclando a fórmula do filme original. O Poderoso Chefão dirigido por Francis Ford Coppola em 1972, foi o filme que deu início a febre das seqüências. Em 1974, o mesmo Coppola dirigiria a continuação devidamente batizada de O Poderoso Chefão, parte 2. E a partir de então pudemos ver inúmeros filmes de sucesso ganhando continuações, muitas vezes desnecessárias.

Podemos citar Rock,um lutador, vencedor do Oscar de melhor filme de 1976 e graças ao sucesso foram produzidos mais cinco filmes com o personagem Rock Balboa vivido por Sylvester Stallone, que emplacaria outro personagem de sucesso – John Rambo – de Rambo, programado para matar, que deu origem a Rambo 2, a missão e Rambo 3, que Stallone quer ressuscitar numa tentativa de salvar sua carreira, aliás o roteiro está pronto para ser produzido.Voltando um pouco para O Poderoso Chefão, o filme acabaria por ganhar uma terceira parte em 1990.
Coppola trabalhou sob encomenda e mesmo com seu amplo conhecimento sobre o tema que abordara nos dois filmes anteriores, o terceiro exemplar parece forçado, principalmente com a entrada em cena de sua filha Sofia para o papel de Mary Corleone, filha de Michael (Al Pacino) e anteriormente destinado a Winona Ryder que adoeceu ficando impossibilitada de fazer o papel, que exigiria no mínimo uma atriz de talento,mas a filha de Coppola esvaziou a personagem. Outro detalhe foi a escalação de Andy Garcia para interpretar o filho bastardo de Santino Corleone, vivido por James Caan , morto no primeiro filme. Garcia, diga-se de passagem nunca foi um grande ator, certamente o personagem que interpreta no filme, Vicent Mancini (ele adotou o sobrenome da mãe) não passa de uma sombra perto do personagem de Caan, um homem violento e impulsivo. Certamente, O Poderoso Chefão tem boas seqüências, mas é inferior aos outros filmes da série. “A Trilogia da América” segundo George Stevens

Antes da “trilogia” dirigida por Coppola, outro cineasta tentou contar às transformações que fizeram dos Estados Unidos a nação que viria a se tornar. Estou falando de George Stevens, um artesão fascinado pelos detalhes que compõem uma cena grandiosa, meticuloso ao extremo com seus projetos pessoais, e que dirigiria o que ele mesmo chamou de “trilogia da América” – Um lugar ao sol (1951) baseado no romance clássico Uma tragédia americana de Theodore Dreiser e tendo no elenco Montgomery Cliff e Elizabeth Taylor, ambos no auge da beleza e do talento; dois anos depois Stevens escala Allan Ladd para interpretar um pistoleiro solitário chamado Shane no clássico Os brutos também amam (1953) que divide opiniões até hoje por se tratar de um western atípico e um divisor de águas do gênero. Para fechar a “trilogia”, o mais ambicioso dos três filmes, o épico Assim caminha a humanidade (1956) – novamente com Elizabeth Taylor, e ainda Rock Hudson e James Dean em seu terceiro e último papel no cinema. Os três filmes abordam temas similares como ambição, conquista, derrota, incapacidade de adaptação, amores impossíveis, tragédias tendo como pano de fundo a evolução de um país.Uma saga espacial que dominou as estrelas e o cinema

Dando um salto considerável nesta cronologia cinematográfica lembramos que em 1977 um jovem chamado George Lucas lançaria um filme que poucos acreditavam que faria sucesso, mas Lucas acreditava no potencial de Guerra nas Estrelas, ficção científica reunindo elementos de contos de fadas, aventuras e romance para contar em três partes a saga de Luke Skywalker interpretado por Mark Hamill, princesa Lea Organa (Carrie Fischer) e Han Solo vivido por Harrison Ford na luta junto aos rebeldes contra o vilão estelar Darth Vader a serviço do imperador Palpatine e da Estrela da Morte. O filme fez sucesso e Lucas ganhou subsídios para dar continuidade a sua saga intergaláctica. As inevitáveis seqüências viriam em seguida com O Império contra-ataca (1980) e o mais fraco, O Retorno de Jedi (1983).

Trinta anos depois, George Lucas retomaria o projeto de Star Wars com A ameaça fantasma e O ataque dos clones onde ele conta o que aconteceu antes do nascimento de Luke e como surgiu Darth Vader,isso mostrado no último filme desta segunda trilogia, A vingança do Sith. Para muitos fãs esta nova abordagem não convenceu graças aos furos nos roteiros, a péssima direção de Lucas, sem falar nas péssimas escolhas dos atores que interpretariam Anakin criança e adulto.

Como um velho herói das antigas matinês de domingo

Vamos adiante. De férias, George Lucas teve uma idéia genial – homenagear os antigos seriados exibidos nas matinês de domingos dos anos 30 e 40 – Steven Spielberg então foi chamado para dirigir um dos melhores filmes dos anos 80 – Os Caçadores da arca perdida (1980) que traz Harrison Ford, elevado ao patamar de astro graças ao seu papel na trilogia Star Wars e que agora passa a interpretar um professor de Arqueologia que nas horas vagas recupera tesouros para museus. Seu nome: Indiana Jones, um intrépido aventureiro que corre os maiores perigos e cujo chapéu nunca cai. Indy, para os mais íntimos,em sua primeira aventura vai em busca da Arca da Aliança na qual Móises teria guardado as tábuas onde Deus escrevera Os Dez Mandamentos. Acontece que o exército nazista de Hitler também quer a arca exatamente pelos poderes que ela possa conter.
O filme que tinha como slogan “a volta das grandes aventuras” continha realmente todos os ingredientes que faziam o sucesso dos velhos seriados como um mocinho que enfrenta perigos constantes, vilões que querem a qualquer custo conquistar o mundo, uma mocinha que precisa ser salva a cada quinze minutos, muita ação, suspense, um pouco de romance, misticismo e comédia, e pronto. Um diretor com o completo domínio de sua arte, atores bem escalados, roteiro repleto de reviravoltas e uma ótima equipe de produção fizeram de Os caçadores da arca perdida um arrasa quarteirão e por isso logo ganhou duas seqüências tão boas quanto o original – o sombrio e violento Indiana Jones e o templo da perdição e Indiana Jones e a última cruzada (1988) que traz Sean Connery como Dr.Jones,ninguém menos que o pai de Indiana. Connery rouba a cena e sua sintonia com Harrison Ford trouxe uma nova dimensão para o filme. Com certeza uma das melhores séries cinematográficas da história recente do cinema. Segundo informações divulgadas na internet finalmente em agosto começam as filmagens do quarto filme sobre as aventuras de Indiana Jones.
Continua...

Foto montagem gentilmente produzida e cedida pelo jornalista Marcos Souza

Trilogias do Cinema e afins - Segunda parte

O espetáculo dos dinossauros e efeitos especiais

Na década de 90, Spielberg entregaria ao público o primeiro exemplar do que viria a se tornar uma nova “trilogia” – O Parque dos dinossauros (1993) baseado na obra do escritor Michael Crichton. Desta vez o público perderia definitivamente o fôlego com a perfeição espantosa dos dinossauros digitais criados para o filme. Uma legítima evolução nos efeitos especiais que iria possibilitar a produção de filmes como Matrix, Senhor dos Anéis e King Kong.

O Parque dos dinossauros como se esperava foi um grande sucesso de bilheteria em todo o mundo arrecadando 919 milhões de dólares. O sucesso possibilitou a realização de duas seqüências – O Mundo perdido e Jurassic Park 3, os dois primeiros dirigidos por Spielberg e o número três por um dos seus pupilos, Joe Johnson. O público ainda aguarda uma quarta aventura com os animais pré-históricos perseguindo e devorando humanos seja numa ilha ou na cidade.

O quase dono do mundo e das bilheterias

Parece que James Cameron não quer saber mais de fazer cinema, afinal de contas até hoje, quase dez anos depois de realizar Titanic, Cameron continua aproveitando os milhões que ganhou com a produção do filme estrelado por Leonardo Di Caprio em 1997. Pois é, onze Oscar, a maior bilheteria de todos os tempos (1 bilhão e 835 milhões de dólares), e ainda conseguindo empatar com Ben Hur que era o campeão absoluto (agora O Retorno do Rei entra para o time) dos vencedores dos prêmios da Academia. Mas nem sempre foi assim.

Quem acompanha a carreira de James Cameron, lembra do filme trash que ele dirigiu intitulado Piranhas II em 1984 com baixo orçamento bem ao estilo de Roger Corman de quem foi assistente. Neste mesmo ano ele iria finalmente dar o grande salto sua carreira. Seria tudo ou nada.

Cameron estava doente com trinta e nove gruas de febre quando teve um sonho com uma espécie de ciborgue. Daí nasceria à idéia para o filme O exterminador do futuro (1984) escrito e dirigido por ele e que alcançaria sucesso em todo o mundo e ganharia o grande prêmio do Festival de Avoriaz, em 1985. O roteiro é uma mistura de policial com ficção científica com efeitos especiais a cargo do especialista Stan Wiston,o mesmo de Alien, O Predador, Parque dos dinossauros entre outros. O filme também fez a carreira do até então pouco conhecido Arnold Schwarzenegger, que teria no ciborgue assassino T-850 o ponto alto de sua carreira. Schwarzenegger repetiria o personagem nas seqüências, O Exterminador do futuro 2 – o julgamento final, também dirigido por Cameron que realizou uma versão mais elaborada do primeiro filme, mais longo e com mais efeitos especiais; e Exterminador do Futuro 3 – a revolução das máquinas, que em minha opinião chega a ser melhor e mais divertido que o segundo, mas o primeiro continua imbatível. Neste último a direção ficou a cargo de Jonathan Mostow e James Cameron atuou como produtor executivo.

De volta ao cinema feito para divertir

Muitos filmes sobre viagens no tempo foram produzidos ( A máquina do tempo, Em algum lugar do passado), porém nenhum alcançou o sucesso da trilogia criada por Robert Zemecks e Bob Gale em De volta para o futuro, produzidos por ninguém menos de Steven Spielberg nos anos 80. O primeiro, realizado em 1985, fez sucesso apesar da desastrosa campanha de marketing em torno do filme. A história do filme todos conhecem. Marty McFly personagem perfeito para Michael J. Fox, é amigo de um excêntrico cientista chamado Emmet Brown, a quem chama de “Doc” e que acaba por inventar uma máquina do tempo movida a plutônio, que o amalucado doutor rouba de terroristas líbios, que logo descobrem e chegam justamente quando ele testa a máquina junto com Marty. Acontece um tiroteio. Marty consegue entrar na máquina e acidentalmente faz uma viagem no tempo voltando a 1955 quando passa a viver incríveis aventuras até conseguir voltar para seu tempo, inclusive acaba conhecendo seus futuros pais,o que gera muitas confusões.

Engenhoso, bem produzido, dirigido por um Robert Zemecks no auge da criatividade, um roteiro sensacional, elenco de primeira e um final que deixa caminho para uma possível seqüência. Segundo Zemecks o final na verdade teria sido uma brincadeira. Mas o filme fez tanto sucesso que em 1989 a segunda parte chegou aos cinemas e desta vez Marty e “Doc” acabam indo para o futuro, mais precisamente 2015, onde precisa salvar seu filho de uma enrascada. Muitas idas e vindas no tempo, presente, futuro e presente alternativo causaram confusão no público, mas mesmo assim De volta para o futuro 2 também fez sucesso. Os produtores, para economizar e ganhar tempo acabaram filmando simultaneamente a segunda e a terceira parte, quando os heróis vão para o western selvagem. Esta terceira parte resultou numa bem humorada homenagem ao velho western, Clint Eastwood, e clássicos como Matar ou morrer. Fez relativo sucesso e fechou todas as pontas deixadas abertas nos anteriores com chave de ouro.

A divertida truculência de um rato que virou policial

Em 1988 o ator Bruce Willis estrelaria um filme policial chamado Duro de matar dirigido por John McTiernan. Willis vinha do sucesso do seriado A gata e o rato onde era partner de Cybil Shepard e ninguém ou quase ninguém acreditava que aquele ator cheio de trejeitos, careteiro, cínico e irônico poderia ter futuro como ator de filmes de ação. Estavam todos enganados.

Bruce Willis é o policial nova-iorquino John McClane que está em Los Angeles para visitar a esposa, Holly Genaro que trabalha como executiva para uma multinacional. John chega ao Nakatomi Plaza onde acontece uma festa de natal. No entanto, um grupo de terroristas liderados por Hans Gruber, numa interpretação notável de Alan Rickman que num terno impecável faz todos de refém. John entra em ação. E todos sabem o que acontece a partir de então. Muitos tiros, mortes, ação incessante e seqüências de tirar o fôlego.

Duro de matar teria então mais duas seqüências – Duro de matar 2 (1990), dirigido por Renny Harlin. A história desta vez acontece num aeroporto que em meio a uma nevasca tem McClane entre os passageiros à espera de um vôo. Mais uma vez ali está John, sempre no lugar errado,mas na hora certa para enfrentar mercenários que planejam libertar um general que está prestes a chegar. Willis continua o mesmo do primeiro filme: reclama da situação, faz piadas com ele mesmo e entre uma ironia e outra, mata alguns bandidos só para variar.
Duro de matar 3 – a vingança seria realizado apenas cinco anos depois e desta vez com a volta de John McTiernan a direção. McClane está bem próximo de ser despedido quando é chamado por seu superior, pois um terrorista exige sua presença. John fica a mercê do bandido que é irmão de Hans Gruber, morto no primeiro filme e que parece querer vingança. Na verdade tudo não passa de uma nuvem de fumaça para disfarçar suas verdadeiras intenções. Mesmo não tendo empolgado muito, pois somente agora em 2007 uma quarta aventura está sendo produzida, Duro de matar 3 traz algumas ótimas seqüências e a participação de Samuel L.Jackson como um civil que ajuda McClane.

Continua...

Fotomontagem produzida e cedida pela jornalista Eliane Viana.

Trilogias do Cinema e afins – Terceira parte

Pistoleiros e gângsters contam a América

Assim como George Lucas e Steven Spielberg, o diretor italiano Sérgio Leone presenteou o público com duas trilogias – a primeira composta pelos filmes Por um punhado de dólares (1964); Por uns dólares a mais (1965) e Três homens em conflito (1966); e a segunda – Era uma vez no Oeste (1968), Quando explode a vingança (1972) e Era uma vez na América (1984).

Por um punhado de dólares realizado em 1964 apresenta Clint Eastwood com o um pistoleiro misterioso recém chegado em San Miguel, uma cidade muito rude, onde dois grupos rivais de contrabandistas aterrorizavam os cidadãos pobres. Rápido no gatilho, o estranho recebe ofertas de emprego das duas gangues. Porém sua lealdade não pode ser comprada, mas ele aceita os dois empregos desmascarando os criminosos com um inteligente jogo de confrontações mortais.

Com uma quantidade incrível de tiros, interpretações dinâmicas e uma atmosfera cinematográfica jamais vista em um filme deste gênero, este é o filme preferido do mestre Sergio Leone que escalou ainda Gian Maria Volonté para completar o elenco. Por um punhado de dólares pode ser visto como uma refilmagem de Yojimbo, o guarda-costas, dirigido por Akira Kurosawa em 1961.

Leone foi o maior e mais expressivo cineasta do chamado “faroeste espaguete” e com o sucesso de Por um punhado de dólares, logo no ano seguinte realizaria a continuação, intitulada Por uns dólares a mais (1965) que traria mais uma vez como protagonista o ator Clint Eastwood, que a partir de então se tornaria um astro.

"O Estranho Sem Nome" - em seu segundo trabalho na famosa trilogia de Sergio Leone. Com roteiro de Luciano Vicenzoni, Por uns dólares a mais é um clássico moderno - um dos maiores westerns de todos os tempos, segundo alguns críticos mais afoitos. Eastwood é um caçador astuto e de olhar aguçado seguindo a trilha sangrenta de Índio, o bandido mais traiçoeiro do território. Mas seu rival, o Coronel Mortimer (Lee Van Cleef), está determinado a apanhar Índio primeiro - vivo ou morto - Sem conseguir agarrar sua presa - ou eliminar um ao outro - os dois têm apenas uma opção: aliarem-se ou enfrentarem a morte certa nas mãos de Índio e seu bando de assassinos. No elenco destaque para Lee Van Cleef, Gian Maria Volonté e Klaus Kinski.

Em 1966, Leone encerra de forma brilhante esta sua primeira trilogia com Três homens em conflito, que sem sombra de dúvida, é o mais ambicioso dos três filmes, impecável esteticamente e cujo estilo influenciou todos os filmes do gênero já filmados, Três Homens em Conflito é ação que mistura o mito e o realismo.

Clint Eastwood está de volta como o invencível "Estranho Sem Nome", desta vez ao lado de dois pistoleiros (Lee Van Cleef e Eli Wallach) à procura de uma fortuna em ouro roubado. Mas trabalho de equipe não é coisa fácil para indivíduos fora-da-lei com personalidades tão fortes, e eles logo descobrem que seu maior desafio é manter a concentração - e a vida - em um país arrasado pela guerra. Desenvolvendo um estilo de ação inédito, mas nunca igualado desde então.

O estilo de Leone influenciaria inúmeros cineastas, entre eles, Quentin Tarantino que o homenageia repetindo “seus grandes closes e longos períodos de silêncios” em Kill Bill Volume 2, isso sem esquecer de mencionar o uso da câmera em ângulos inusitados, a violência que explode de repente na tela e também os poucos mas precisos diálogos. Para Leone as imagens falam por si.

Sérgio Leone começou sua carreira com o assistente de estúdio, passando então por todos os estágios como cenógrafo, assistente de edição, editor, e quando o diretor de um filme de baixo orçamento que estava sendo produzido, Leone que era o assistente de direção, acabou escalado para assumir como diretor e terminar o filme. E o resto é história.

Encerrada a trilogia protagonizada por Clint, o cineasta italiano dá início a sua segunda trilogia com Era uma vez no Oeste (1968). Leone sonhava dirigir um dos maiores mitos de Hollywood – Henry Fonda – que na maioria de seus filmes atuou como personagens sempre ao lado da lei – aqui ele aparece barbado, e para espanto da platéia, como um terrível pistoleiro que logo na primeira cena dizima uma família sem poupar ao menos uma criança em quem atira friamente.

Cláudia Cardinale é a mulher que pretendia se unir a essa família de fazendeiros. Mas agora ela está só naquela casa e existe um poderoso construtor da estrada de ferro interessado em arregimentar a propriedade, nem que seja à bala. Sai o Homem sem nome de Eastwood e entra em cena Harmônica vivido de forma mais lacônica ainda por Charles Bronson que é o pistoleiro silencioso que auxilia a mulher.

Na seqüência inicial quando três pistoleiros esperam na estação de trem, Leone convidou Eastwood, Van Cleef e Eli Wallach, no entanto não aceitaram pois os personagens morrem logo em seguida num tiroteio com Harmônica. Era Uma Vez No Oeste tem a mais longa seqüência de créditos da história do cinema: 14 minutos.
Duas curiosidades: o diretor americano John Landis, de Os Irmãos Cara de Pau e Um Lobisomem Americano em Londres, foi um dos dublês do filme. E na década de oitenta, o diretor Robert Zemeckis prestou homenagem a Era Uma Vez No Oeste no filme De Volta Para O Futuro III, recriando a famosa cena panorâmica da estação de Flagstone para revelar a nascente cidade de Hill Valley.

O segundo filme, Quando explode a vingança (1972) é uma agitada história sobre poder e política dirigida e co-escrita (pois nela também trabalharam Luciano Vincenzoni e Sergio Donati) por Sergio Leone, o celebrado diretor de Três Homens em Conflito e de Era uma Vez na América. No elenco, o vendedor do Oscar Rod Steiger (No calor da noite) e James Coburn (Sete Homens e um Destino) juntos preparam uma ousada operação de fuga para libertar prisioneiros políticos, defender seus compatriotas contra a milícia bem equipada de um sádico oficial e arriscam suas vidas em um trem carregado com explosivos. Com uma magnífica filmagem realizada nos desertos da Espanha, este filme marcante também conta com uma trilha sonora brilhante e especial assinada por Ennio Morricone.

Leone fecha sua segunda trilogia com o melhor filme de gângster, (depois de O Poderoso Chefão de Coppola) sem sombra de dúvida a sua obra prima - Era uma vez na América (1984) produção que levou mais de dez anos para ficar pronta e que seria o último trabalho de Leone, que morreria logo em seguida.

Tendo como protagonistas Roberto De Niro e James Woods e ainda coadjuvantes de primeira linha como Elizabeth McGovern, Treat Williams, Tuesday Weld, Burt Young, Joe Pesci, Danny Aiello e William Forsythe. Era uma vez na América conta cinco décadas de crimes e das vidas das pessoas por trás deles. Um épico policial dramático e grandioso, com um elenco à sua altura. Mais que uma história da América, um fragmento importante da própria história americana. O filme traça um perfil histórico da América tendo como pano de fundo a máfia judia no país nos anos 20 indo até os anos 80. Um épico maravilhoso, com interpretações inesquecíveis, ótima reconstituição de época e trilha sonora inspirada de Ennio Morricone, habitual colaborador de Leone.

De como o demônio salvou um diretor

Mas não é somente de clássicos ou obras primas que as trilogias vivem. Existem também os cultuados filmes de terror trash realizados pelo hoje consagrado diretor da versão para cinema do Homem Aranha (que também caminha para se tornar uma trilogia). Falamos de Sam Raimi e dos seus filmes de início de carreira - A morte do demônio – Evil dead – (1983)

A trama gira em torno de um grupo de cinco jovens amigos que vai para uma cabana na floresta, onde descobrem uma indescritível e mortal criatura. Ao descobrirem o Necronomicon - O Livro dos Mortos e ao ouvirem uma gravação que exalta os poderes do demônio, sem querer libertam o horror em sua mais pura expressão. Um a um, eles enfrentam o poder do mal e se transformam em mortais e horríveis zumbis. E, quando resta apenas um deles, não há alternativa senão lutar pela sobrevivência durante a noite mais alucinante de toda sua existência. O sobrevivente é Bruce Campbell,amigo do diretor e que seria protagonistas das duas seqüências - Uma noite alucinante – Evil Dead 2 – (1987) que praticamente recicla a mesma história do primeiro filme, sendo que desta vez Sam Raimi tinha mais dinheiro para gastar com efeitos especiais e muito sangue.

Uma Noite Alucinante é a arrepiante história de um grupo de jovens que resolvem se hospedar numa cabana na floresta, onde descobrem uma fita com gravações de trechos do Livro dos Mortos. A evocação traz da floresta forças do mal que os transformam em monstros, para o desespero de Ash, o único que consegue resistir. À noite, munido apenas de uma serra elétrica e uma espingarda, Ash precisa combater uma horda de demônios e seres assustadores. E a trilogia se encerra em 1993 com Evil Dead 3 – a vingança de Ash.

O filme começa exatamente onde o último terminou. Ash é transportado para a Idade Média e é capturado pelos cavaleiros da região e é condenado à morte. A Idade Média mostrada no filme sofre ataques de demônios e mortos-vivos. Ash terá que enfrentar o Mal que o acompanha desde o primeiro filme da trilogia.

Esse filme foi inspirado graças a uma tarefa de faculdade, a qual Raimi teve que pesquisar o Livro dos Mortos. O primeiro filme fez com que Bruce Campbell se tornasse famoso no papel de Ash, apesar do filme não ter feito muito sucesso nos cinemas. Em 1986, com um orçamento bem maior, Sam Raimi decidiu fazer uma seqüência. Eles mantiveram Bruce Campbell e contrataram novos atores. Com o orçamento maior, eles puderam utilizar efeitos especiais mais sofisticados e também acrescentar mais fantasia. Sam Raimi, por ser um grande admirador dos três patetas, decidiu colocar menos horror e acrescentar ao filme algumas doses de humor estilo pastelão, fazendo deste um entretenimento ainda maior. Há uma cena em que Campbell corta a sua mão possuída pelo demônio e coloca no lugar uma serra elétrica. Assim, o personagem acaba se transformando em uma espécie de herói, caçador de demônios.

Seis anos depois, Raimi iniciou as filmagens do terceiro filme. Seguindo a fórmula, o filme começa exatamente onde parou o anterior, quando Ash foi sugado por um vórtice, criado pelo demônio, para a época medieval. Evil Dead 3 está longe de ser um filme de horror. Pode ser definido como um filme de comédia e aventura, que satiriza os outros dois filmes. Entretanto, o filme não decepcionou os fãs, que ainda aguardam uma tão sonhada continuação.

Claro que Sam Raimi cresceu muito como cineasta passando a explorar temas variados como suspense em Um plano simples com Bill Paxton e Billy Bob Thorton; O dom da premonição com Cate Blanchet; o sensacional Darkman – Vingança sem rosto com Liam Nielsen e isso sem falar no seu brilhante trabalho na adaptação do Homem Aranha para o cinema que em breve ganha sua terceira aventura na tela grande.

Nada se cria, tudo se transforma em cinema

Os fãs de ficção científica jamais esquecerão 1999 quando chegou aos cinemas o longa-metragem que causaria furor e mais uma revolução em matéria de efeitos especiais e movimentos de câmera. Estou falando do aclamado Matrix estrelado por Keanu Reeves que ganhou tanto dinheiro que nem precisaria atuar mais (Eu escrevi atuar?).

Proezas de tirar o fôlego. Efeitos alucinantes. Cenas de arrebentar. Keanu Reeves é Neo, o escolhido para destruir a Matrix. Ao seu como seu guia está Laurence Fishburne como o crente Morpheus e a esperançosa Trinity. Juntos eles lutam pela libertação da humanidade em Matrix, um suspense cibernético escrito e dirigido pelos irmãos Wachowski (Ligadas pelo Desejo). Um filme recheado de referências e citações que vão desde a Um Corpo Que Cai (1958), O Mágico de Oz (1939), filosofia, Alice no País das Maravilhas, Kung -Fu, e muito mais.

O filme fez enorme sucesso e ganhou quatro Oscars em 2000. Como não poderia deixar de ser, prêmios técnicos como Melhor Edição, Efeitos Sonoros, Efeitos Visuais e Som. Consequentemente os produtores logo inventaram que tudo fazia parte de uma “trilogia” e que aquilo era apenas o começo. Dois anos depois os fãs ficaram decepcionados com Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, ambos realizados simultaneamente.

Em Matrix Reloaded (2002) Neo pode voar e enfrenta clones do agente Smith. Mas talvez nem mesmo o "Escolhido", com novos e impressionantes poderes, seja capaz de conter o avanço das máquinas. Neo, Morpheus e Trinity. Todos estão de volta no segundo capítulo da trilogia Matrix - juntamente com novos aliados batalhando contra inimigos que são clonados, evoluíram e estão cada vez mais próximos de destruir o último enclave humano no planeta. Segundo o produtor Joel Silver “Matrix Reloaded é um filme pleno de revelações, que abre caminho para inúmeras revoluções".

Os fanáticos por erros de continuidade alegam que em Matrix Reloaded ocorrem mais de 100. Mas nem tudo nesta continuação caça níqueis é perda de tempo.Pelo menos a seqüência da auto-estrada, que custou cerca de 100 milhões, é a melhor seqüência do longa-metragem. A rodovia foi construída especialmente para o filme dentro de uma base militar nos EUA e foi destruída após as filmagens.

O último capítulo da trilogia Matrix, intitulada Matrix Revolutions, não há outra opção para os humanos. Para Neo, isso significa ir aonde ninguém jamais ousou - o coração da Cidade das Máquinas para uma luta cataclísmica contra o cada vez mais poderoso programa renegado Smith na melhor seqüência do filme.

Matrix Reloaded foi rodado simultaneamente a Matrix Revolutions, com os filmes sendo lançados nos cinemas americanos com a diferença de 6 meses entre eles. Ambos os filmes levaram 4 anos para serem concluídos, entre pré-produção, filmagens e pós-produção.

Terra Média toma de assalto à tela grande

O cineasta Peter Jackson é um obstinado e ao mesmo tempo um predestinado. Ao assistir o clássico de 1933 dirigido por Merian C. Copper intitulado King Kong, Jackson sabia que estava escolhida ali a sua profissão – cineasta – e que cineasta. Setenta anos depois do filme original, Jackson realizou seu tributo ao filme que mudaria sua vida. Mas antes ele teve de realizar uma outra proeza ainda mais difícil e que para muitos, impossível – adaptar para o cinema a trilogia baseada na obra do escritor J.R.R. Tolkien - O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O retorno do Rei.

O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel (2001) é o primeiro filme da trilogia. Nele, o hobbit Frodo (Elijah Wood) herda a missão de salvar a Terra-Média do perverso Sauron, o Senhor do Escuro. Ele precisa conduzir o Um Anel até a Montanha da Perdição e destruí-lo para sempre. Para isso, conta com a aliança de oito bravos companheiros, que formam a Sociedade do Anel.

O filme é um convite para o mundo fantástico de Tolkien e suas criaturas mágicas como Hobbits, Elfos, Orcs e Magos. Para viver os personagens imortalizados pelos livros, o diretor Peter Jackson escolheu um elenco de estrelas: Elijah Wood (Tempestade de gelo), Ian McKellen (Deuses e monstros), Liv Tyler (Beleza roubada) Viggo Mortensen (O Pagamento final) , Sean Austin (Os Goonies), Cate Blanchett (Vida bandida), John Rhys Davies (Os caçadores da Arca perdida), Ian Holm (Tarzan, a lenda de Greystoke) e Orlando Bloom (Cruzada)

Com roteiro, produção e direção de Peter Jackson, o Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel ganharia quatro estatuetas do Oscar - Fotografia, Efeitos Visuais, Trilha Sonora e Maquiagem.

Os prêmios foram bem vindos, mas Peter Jackson encerrava a pausa nas filmagens e dava continuidade ao trabalho com a realização de O Senhor dos Anéis - As Duas Torres: A Sociedade do Anel se rompeu, mas a saga para destruir o Anel continua. Frodo e Sam são obrigados a confiar suas vidas a Gollum se quiserem chegar a Mordor. À medida que o exército de Saruman se aproxima, os membros sobreviventes da Sociedade, juntamente com outros povos e criaturas da Terra-média, preparam-se para a batalha.

Em Helm desenvolvem-se as melhores cenas de ação do filme. Todos os guerreiros de Saruman ganharam vida através de uma combinação de ação, miniaturas e o uso do software Massive, de propriedade da Weta Digital, dando raciocínio e vontade própria a cada personagem.
As Duas Torres também arrebanharia mais algumas estatuetas douradas do Oscar como Som, Edição Sonora, Efeitos Visuais, Direção de Arte e Montagem.

Finalmente quando chega às telas O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei acontece à esperada batalha final pela Terra-média. Frodo e Sam, guiados por Gollum, continuam sua perigosa missão em direção ao fogo de Mordor para destruir o Um Anel. Aragorn luta para completar seu legado quando lidera seus inúmeros seguidores contra o poder crescente de Sauron, o Senhor das Trevas, para que aquele que carrega o Um Anel possa completar sua missão. Peter Jackson encerra sua saga.

O Retorno do Rei entrou para a história do Oscar como a primeira fantasia a vencer como melhor filme. Além disso, recebeu todos os prêmios da cerimônia pelas quais foi indicado, igualando-se as 11 estatuetas de Ben-Hur (1959) e Titanic (1997). A trilogia O Senhor dos Anéis foi filmada simultaneamente, em um período contínuo de 18 meses cobrindo mais de 100 locações na Nova Zelândia. As filmagens foram enriquecidas por dois anos de pré-produção e outros dois de pós-produção.

No total, a realização ocupou sete anos do diretor, roteirista e produtor Peter Jackson. O script de mais de 400 páginas também deu trabalho para muitas outras pessoas: além dos 114 personagens com falas, 20.602 extras foram usados nos três filmes e no auge da produção havia 2.400 pessoas trabalhando entre as equipes técnica e de criação. A criatura em CGI, Gollum, que foi eleito por uma lista de especialistas da revista Premiere como o 10º personagem mais importante da história do cinema.

Os fãs aguardam ansiosos pela chegada do Hobbit um novo filme baseado na obra de Tolkien tendo na direção ninguém menos que Peter Jackson que conhece muito bem o universo da Terra- Média.

Dos quadrinhos para as telas de cinema

Depois do fracasso vertiginoso do longa-metragem Batman e Robin dirigido pelo alegórico Joel Schumacher (Batman eternamente) os produtores ficaram com receio de produzir uma adaptação de personagens de revistas em quadrinhos para o cinema. Felizmente com a estréia e o sucesso de X-Men, o filme em 2000 o cenário mudou e a sensação de que daí para frente tudo seria diferente trouxeram à tona novos projetos.

A direção de Bryan Singer e a escalação de um ótimo elenco que incluía o até então desconhecido Hugh Jackman (que ganhou o papel quando o ator escalado sofreu um acidente nas filmagens de Missão: Impossível 2) para o papel de Wolverine, Patrick Stewart como Charles Xavier, Ian McKellen interpretando Magneto e ainda Famke Janssen , James Marsden, Halle Berry, Anna Paquin, Tyler Mane, Ray Park, Rebecca Romijn-Stamos, Bruce Davison.

Nascidos em um mundo cheio de preconceitos, estão alguma crianças que possuem poderes extraordinários e perigosos - resultado de mutações genéticas especiais. Ciclope (James Marsden) lança raios de energia com seus olhos. Tempestade (Halle Berry) consegue manipular o clima segundo sua vontade. Vampira (Anna Paquin) absorve a força vital de qualquer pessoa que ela toque. Mas sob a orientação do Professor Xavier (Patrick Stewart), estes e outros renegados aprendem a direcionar seus poderes para o bem da humanidade. Agora eles devem proteger aqueles que os temem, pois o traiçoeiro Magneto (Ian McKellen), que acredita que os humanos e os mutantes nunca poderão coexistir, prepara um plano sinistro para o futuro!

Com o sucesso do primeiro filme em 2003 Bryan Singer entrega a esperada seqüência X-Men 2. Agora, após ser desfechado um ataque contra o presidente dos Estados unidos, uma guerra entre humanos pode ser deflagrada. As notícias do ataque causam clamor público contra os já malvistos mutantes. Os opositores contam com o apoio do General William Stryker (Brian Cox), um líder militar que vem lutando para controlar e restringir todos aqueles que são diferentes. Stryker coloca em ação um plano para extinguir os mutantes na face da Terra.

Os X-Men, um grupo de mutantes reunidos em boa causa, precisam lutar juntos contra um inimigo comum (Stryker) para salvar os mutantes e possivelmente toda a humanidade. X-Men 2 é um filme de muita ação, no qual muitos segredos são desvendados durante a luta do bem contra o mal.

O momento decisivo estava sendo apenas adiado e o dia do embate é inevitável. Em 2006, Bryan Singer abandona os X-Men para se dedicar ao longa-metragem que marcaria a volta do Homem de Aço. No entanto um novo diretor teria de ser escolhido o mais rápido possível. Brett Ratner foi o eleito e realizaria o que muitos achavam impossível, ou seja, o melhor filme da franquia - X-Men: O Confronto Final (2006)

A trama gira em torno da descoberta de uma controversa "cura", os mutantes podem escolher manter seus poderes super-humanos ou abdicar de seus dons exclusivos e tornarem-se "normais". Quando o pacifista líder mutante Charles Xavier diverge de seu oponente mutante Magneto, suas visões opostas podem desencadear a guerra que acabará com todas as guerras! Com ação ininterrupta, efeitos especiais espetaculares X-Men O Conflito Final é uma força da natureza.

Liberdade, Igualdade e Fraternidade matéria prima para bom cinema ou uma trilogia francesa

A Trilogia das Cores concebida pelo cineasta Krzysztof Kieslowski começou em 1993 com a estréia de A Liberdade é Azul (Trois Couleurs: Bleu) que se passa na França, início dos anos 90, às vésperas da Unificação Européia. Juliette Binoche (O Paciente Inglês) é Julie que perde o marido, um famoso compositor, e a filha num trágico acidente de carro. Traumatizada, ela procura se libertar de tudo que lhe lembre o passado e, aos poucos, tenta reencontrar a vontade de viver.

Em 1994, Kieslowski lança a segunda parte de sua trilogia, intitulada A Igualdade é Branca (Trois Couleurs: Blanc) protagonizado por inexpressiva Julie Delpy (Antes do amanhecer). Delpy interpreta a francesa Dominique que casada com o polonês Karol muda-se para Paris. O casamento não dá certo e Dominique pede o divórcio. Karol passa a viver como mendigo na capital francesa. Após muitos contratempos, ele volta para Varsóvia, onde consegue enriquecer. Ainda apaixonado, Karol trama uma inusitada vingança contra a ex-esposa.

A Trilogia das Cores de Kieslowski é encerrada com A Fraternidade é Vermelha (Trois Couleurs: Rouge) também de 1994. Valentine vivida por Irène Jacob é uma jovem modelo que vive em Genebra. Certo dia, atropela uma cachorrinha e, preocupada, sai em busca de seu dono. Assim, conhece o homem que mudará a sua vida: um juiz aposentado interpretado por Jean-Louis Trintignant (Um homem,uma mulher) que passa os dias espionando as conversas telefônicas de seus vizinhos. É o início de uma história de redenção, compaixão e perda sobre a comunicação entre os homens.

Neste último capítulo arquitetado por Krzysztof Kieslowski é possível ao mesmo tempo unir a grandiosidade e a simplicidade deste cineasta que soube como poucos contar uma história através de personagens que passam pela vida uns dos outros causando,como acontece na vida real, mudanças que transformam, inspiram e mostrando um novo sentido para a vida de cada um deles.

O silêncio como forma de dizer algo importante ou uma trilogia suéca

A Trilogia do Silêncio, também conhecida como Trilogia da Fé, é um dos pontos altos da filmografia de Ingmar Bergman. Esta trilogia conta com os filmes Através de um Espelho (1961), Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; Luz de Inverno (1962) e O Silêncio (1963) trazendo no elenco atores e atrizes habituais da filmografia do diretor sueco como Harriet Andersson e Max Von Sydow.

Acaba de ser lançado um pack em embalagem de luxo traz estas três obras-primas que constituem esse monumento cinematográfico: Todos os filmes são apresentados em impecáveis versões restauradas e remasterizadas, que resgatam a beleza da fotografia em preto e branco do genial Sven Nkyvist.

A dor da falta de comunicação através do cinema ou uma trilogia italiana

Outra trilogia sobre o silêncio também faz parte da filmografia do diretor italiano Michelangelo Antonioni que realizou A aventura (1960); A noite (1961) e por último, O eclipse (1962).

A primeira parte da trilogia, o filme A aventura com Gabrielle Ferzetti e Monica Vitti nos papéis principais, não é apenas uma crônica sobre o vazio, a angustia, a incomunicabilidade vigentes numa sociedade, mas também, principalmente, uma obra em que são exploradas ao máximo as possibilidades da expressão cinematográfica, onde Antonioni despreza o dialogo, a montagem, o som e a música, e que o significado é transmitido ao espectador através da imagem.

A história é bem simples:uma rica e jovem romana (Lea Massari) embarca num cruzeiro com o amante e um arquiteto, vivido por Gabrielli Ferzetti. Ela desaparece numa ilhota deserta. Com uma de suas amigas (Monica Vitti), o arquiteto percorre a Sicília em busca da desaparecida, que os dois acabam a esquecendo, tornando-se amantes.

O segundo filme desta trilogia, A noite, traz no elenco três monstros sagrados do cinema europeu – Marcello Mastroiani, Jeanne Moreau e Monica Vitti, que parece fazer a ligação entre os três filmes, pois atua em todos eles.

Poucos filmes, como este A noite expressam, ao mesmo tempo duas questões essenciais e aparentemente contraditórias: a grandeza do cinema e a crise da nossa civilização. Michelangelo cultua um cinema voltado com todo o seu poderio expressivo, para a dor e a solidão do homem moderno. O cineasta termina por concretizar em imagens o mais inteligente, amplo e revelador painel sobre os descaminhos do nosso mundo e o sofrimento dos seres que nele vivem.

Em 1962, Michelangelo encerra sua trilogia com O eclipse. A história também é bem simples. Um jovem, mais uma vez Monica Vitti, após romper com um amante mais velho, encontra-se de férias em Roma, e se torna amiga de corretor da bolsa vivido por Alan Delon. Tudo vai aparentemente bem, até que um acidente lhe revela a baixeza do homem. Pura desculpa para mostrar a fragilidade dos relacionamentos, a instabilidade moral e ainda o drama da incomunicabilidade humana.

Última parte da trilogia iniciada com A aventura e A noite. Mal acolhido pela crítica e pelo público, este filme, segundo os críticos, é superior ao antecedente. O filme possui seqüências belíssimas como o rompimento dos amantes; o encontro no apartamento do corretor; e ainda o passeio da mulher sozinha por um bairro, onde, a noite cede surdamente a palavra à água, aos vegetais, e insetos. Para Michelangelo Antonioni, o silêncio precisa apenas de imagens. O resto é desnecessário, principalmente no cinema realizado por ele. O pior é que o cineasta tem razão.

Sim, nós também temos trilogias

Como estamos falando de trilogias com certeza as duas únicas realizadas por cineastas brasileiros não poderiam deixar figurar aqui. Houve um tempo em que Arnaldo Jabor ganhava a vida tentando fazer cinema e que o cineasta Roberto Faria, que dirigiu filmes sérios como Assalto ao trem pagador, realizaria também filmes escapistas como os protagonizados por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia.

Começamos com a Trilogia do Apartamento, assim batizada pelo próprio Jabor. A trilogia teve início em 1978 com a realização do longa-metragem Tudo bem, que é a história de uma família cercada de Brasil por todos os lados, que se acha capaz de viver isolada dos males do mundo. Até que chegam os operários para reformar a casa, e com eles o cortejo de loucuras da vida lá fora. Numa comédia corrosiva, Tudo Bem mostra o caos nosso de cada dia. É uma comédia sobre o conflito entre as classes sociais que se concentram neste microcosmo que é o apartamento.

Nas palavras de Arnaldo Jabor: "Em Tudo bem, eu tento mostrar a realidade e as fantasias ridículas dentro de nossa classe média e a tragédia dos miseráveis que circulam fora. O filme pretende provocar um riso político e crítico no espectador."

Em 1981 Jabor reúne dois dos maiores símbolos sexuais do cinema nacional – Sônia Braga e Vera Fischer – em Eu te amo uma fantasia romântica sobre o desejo e a paixão que se tornaria um grande sucesso de público nos anos 80. Ainda no elenco Paulo César Pereio e Tarcísio Meira.

Tudo se passa dentro de um apartamento fantástico, como um caleidoscópio ou um palácio de espelhos, onde os delírios do amor e do sexo se refletem num ritmo alucinante. É a história de um homem, industrial falido no milagre dos anos 70, e de uma mulher que desejam desesperadamente se amar e que, ao mesmo tempo, têm um medo brutal desse encontro. Eu Te Amo começa como drama psicológico, evolui para a comédia e erotismo e acaba como um grande delírio musical.

Com produção de Walter Clark, roteiro e direção de Jabor e músicas de Antonio Carlos Jobim, Chico Buarque, César Camargo Mariano, Eu te amo sairia campeão do Festival de Gramado 1981 premiado como melhor design de produção, som, fotografia e atriz para Sônia Braga.

Cinco anos depois de Eu te amo, Arnaldo Jabor encerra sua trilogia do apartamento com Eu sei que vou te amar (1986) que acompanha um casal jovem que se ama até o delírio resolver viver em duas horas um jogo da verdade sobre tudo o que já lhes aconteceu, numa psicanálise filmada com risos e lágrimas.

Pela sua atuação Fernanda Torres recebeu o Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Cannes de 1996 Fernanda divide a cena com Thales Pan Chacon.

Roberto Carlos em ritmo de aventura na música e no cinema

Para quem se acostumou com as manias do “rei” Roberto Carlos talvez tenha esquecido que houve um tempo que ele era menos arredio e que atuou em três filmes dirigidos por Roberto Farias – Roberto Carlo em ritmo de aventura, Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa e Roberto Carlos a 300 km por hora – misturando música, aventura, escapismo que deixaram saudade no cinema brasileiro. Claro que os filmes estão longe de serem obras primas cinematográficas,mas pelo menos têm a pretensão de apenas divertir.

Com produção e direção de Roberto Farias, Roberto Carlos em ritmo de aventura (1967) é um filme que possui ingredientes que agradaram o público da época, ou seja, ritmo, ação e emoção não faltam nesta história de intrigas internacionais. O Rio de Janeiro com suas belezas naturais e Nova Iorque com sua magnitude servem como pano de fundo para o desempenho de Roberto Carlos. Tudo renegado com suas inesquecíveis canções: Como é Grande o Meu Amor, Eu Sou Terrível, Eu Te Darei o Céu.

Pela primeira vez como protagonista de um filme, Roberto Carlos dispensou dublês e teve que viver várias cenas perigosas nesta superprodução de Roberto Farias. Para se desvencilhar de bandidos internacionais que querem raptá-lo, RC abusa de acrobacias como descer dentro de um carro pendurado num guindaste e atravessar o Túnel do Pasmado no Rio de Janeiro pilotando um helicóptero, esta a melhor seqüência do filme.
O filme teve locações como o Corcovado, o Maracanã e a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, além das seqüências gravadas em São Paulo e em Nova York. As filmagens com helicóptero chegaram a parar o trânsito de Copacabana. Para rodarem cenas no Cabo Kennedy, nos Estados Unidos, a ousada produção do filme conseguiu um feito inédito: autorização da NASA para filmar nas torres de lançamento de foguetes. Como resultado, Roberto passeia pelo espaço, em imagens que mostram a Terra fora da atmosfera.

Roberto aparece cantando sucessos como "Namoradinha de um amigo meu", "Negro Gato", "Eu te darei o céu", "Eu sou terrível", "Como é grande o meu amor por você", "De que vale tudo isso", "Por isso corro demais" e "Quando", esta cantada numa cena antológica em que Roberto se apresenta no alto de um prédio (confira no vídeo abaixo). A trilha sonora de "Roberto Carlos em ritmo de aventura" foi lançada num disco com este mesmo nome em novembro de 1967.

No elenco além de Roberto Carlos; o eterno vilão das chanchadas José Lewgoy, Reginaldo Farias, irmão do diretor e Rose Passini interpretando a mocinha.

A aventura seguinte Roberto Carlos e o diamante cor de rosa (1968), também produzido e dirigido por Roberto Farias, o cineasta reúne o famoso trio dos tempos do programa Jovem Guarda – Roberto, “Tremendão” Erasmo Carlos e a “Ternurinha” Wanderléa.

Este filme tornou-se um dos maiores êxitos de bilheteria da época. Os três amigos viveram aventuras em vários países da África e da Ásia, atrás de um diamante perdido dois mil anos antes, e enfrentando um grupo de bandidos, liderados por José Lewgoy.

Neste filme Roberto lançou diversos sucessos. Os três enfrentam situações arriscadas ao som de sucessos da década de 60, como "Não vou ficar" e as "As curvas da estrada de Santos". Nele, os truques cinematográficos da época não foram poucos, e nem as namoradinhas, que ao todo eram sete.

Rodado em Israel, no Japão, em Portugal e no Brasil, o filme mostra os três maiores ídolos da Jovem Guarda (Roberto, Erasmo Carlos e Wanderléa) vivendo uma série de aventuras por causa de um valioso diamante cor-de-rosa. A confusão começa quando Wanderléa compra uma estatueta antiga que desperta a cobiça de um bando liderado pelo personagem de José Lewgoy.

A "Ternurinha" some inexplicavelmente e a dupla Roberto e Erasmo resolve investigar a origem da escultura. Eles descobrem que o objeto guarda o mapa do esconderijo de um diamante levado para o Brasil em 2.800 A.C. por navegantes fenícios. Depois de se disfarçarem e até se envolverem em uma luta de espadas com samurais, os dois acabam resolvendo o mistério.

As gravações de "Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa" duraram cerca de um ano e o resultado final é um filme cheio de sucessos como "Não vou ficar", de Tim Maia, e a instrumental "O diamante cor-de-rosa".

Roberto Farias encerra a trilogia com o regular Roberto Carlos a 300 km/hora (1971) que traz no elenco além da dupla Roberto e Erasmo Carlos (desta vez Wanderléa ficou de fora) Libânia Almeida, Raul Cortez, Otelo Zeloni, Walter Foster, Flavio Migliaccio, Reginaldo Farias, Mario Benvenuti.

O filme, segundo Farias, “é a grande oportunidade do público descobrir o grande intérprete cinematográfico que existe em Roberto Carlos. Entre a fúria das máquinas que roncam a cada curva e os braços da mulher amada, ele mostra sua nova face de ator”.

Neste filme, Roberto Carlos vive Lalo, um mecânico de uma revendedora de carros que quer ser piloto de automobilismo, sonho que divide com seu melhor amigo, Pedro Navalha (Erasmo Carlos). O patrão dos dois, Rodolfo (personagem vivido por Raul Cortez), é um piloto que não consegue mais correr desde que um acidente o deixou traumatizado. Com a desistência de Rodolfo, Pedro planeja fazer com que Lalo corra no lugar do patrão em Interlagos.

A trama amorosa corre em paralelo, já que Lalo vive uma intensa paixão por Luciana (Libânia, foto à direita), namorada de Rodolfo, com quem pouco fala. Enquanto o sonhador personagem de Roberto tenta concretizar seus desejos, o espectador é presenteado com uma trilha sonora romântica da qual "De tanto amor” é o maior destaque.

No único longa-metragem em que Roberto não aparece cantando, o diretor Roberto Farias valorizou as cenas em que RC dirige carros de corrida. Em meio a roncos de motor e muita fumaça saindo dos pneus, estas são as seqüências mais movimentadas do filme.

Quase um ponto final, mas nunca se sabe.

Aqui encerramos nossa trilogia de artigos sobre as trilogias da história do cinema. Paramos por aqui pois não é nossa intenção esgotar o assunto. Esperamos que os caros leitores tenham gostado.

Humberto Oliveira
a fotomontagem foi produzida e cedida pela jornalisra Eliane Viana