16 janeiro, 2007


Tudo começou com uma conversa com meu amigo e jornalista Marcos Souza. Falei pra ele que estava pesquisando para escrever um artigo sobre as melhores trilogias do cinema,no entanto, o que era para ser apenas um artigo foi ganhando peso, a pesquisa se aprofundando e no final tive de dividir em três partes ou numa espécie de trilogia. E o resultado final o caro leitor pode acompanhar a partir de agora. Cinema é assim mesmo. Uma paixão que nos arrebata e quando mais assistimos, lemos, ouvimos ou escrevemos, queremos mais e mais e assim acabei por trazer para o leitor cinéfilo ou não, estas informações para o Blog Almanaque 2007.

Gostaria de oferecer esta trilogia aos amigos Marcos Souza e Eliane Viana, que gentilmente produziram as fotomontagens com cartazes de alguns filmes citados durante o artigo.
Ambos, assim como eu, temos paixão pelo cinema.

Trilogias do Cinema e afins – Primeira parte

O que seria dos produtores sem as continuações

Quando assistimos a um filme queremos sempre saber qual seria o desdobramento do final que é apresentado. Por exemplo: o que aconteceu com Rick e Renaut depois da fuga de Ilsa Lund e Victor Lazlo em Casablanca? Será que Shane, o pistoleiro de Os brutos também amam realmente morreu ou não? Qual o destino de Vicent, filho bastardo de Sonny apresentado em O Poderoso Chefão parte III, depois da morte da Mary e antes da morte de Michael Corleone? Bem são algumas das perguntas que intimamente fazemos ou poderíamos fazer ao término de um filme.

Por que existem as continuações? Para os produtores, uma forma de ganhar mais dinheiro, mas para o público, com certeza uma forma de saber mais sobre determinado personagem e o desdobramento de sua história ou até mesmo o que aconteceu antes dos fatos narrados no primeiro filme. Por exemplo: Como teria sido James Bond antes de se tornar um agente com duplo zero e sua permissão para matar? Ou ainda o que levou o Dr. Hannibal Lecter a se tornar um psicopata? De onde veio Martin Riggs antes de se tornar uma “máquina mortífera”? E John McClane de Duro de Matar?

Começando por O Poderoso Chefão

Muitos são os personagens marcantes de filmes de sucesso ou não,no entanto, um número mínimo é produzido de uma forma que possibilite uma seqüência, digamos, coerente e que satisfaça o público. No geral as continuações buscam apenas o lucro certo reciclando a fórmula do filme original. O Poderoso Chefão dirigido por Francis Ford Coppola em 1972, foi o filme que deu início a febre das seqüências. Em 1974, o mesmo Coppola dirigiria a continuação devidamente batizada de O Poderoso Chefão, parte 2. E a partir de então pudemos ver inúmeros filmes de sucesso ganhando continuações, muitas vezes desnecessárias.

Podemos citar Rock,um lutador, vencedor do Oscar de melhor filme de 1976 e graças ao sucesso foram produzidos mais cinco filmes com o personagem Rock Balboa vivido por Sylvester Stallone, que emplacaria outro personagem de sucesso – John Rambo – de Rambo, programado para matar, que deu origem a Rambo 2, a missão e Rambo 3, que Stallone quer ressuscitar numa tentativa de salvar sua carreira, aliás o roteiro está pronto para ser produzido.Voltando um pouco para O Poderoso Chefão, o filme acabaria por ganhar uma terceira parte em 1990.
Coppola trabalhou sob encomenda e mesmo com seu amplo conhecimento sobre o tema que abordara nos dois filmes anteriores, o terceiro exemplar parece forçado, principalmente com a entrada em cena de sua filha Sofia para o papel de Mary Corleone, filha de Michael (Al Pacino) e anteriormente destinado a Winona Ryder que adoeceu ficando impossibilitada de fazer o papel, que exigiria no mínimo uma atriz de talento,mas a filha de Coppola esvaziou a personagem. Outro detalhe foi a escalação de Andy Garcia para interpretar o filho bastardo de Santino Corleone, vivido por James Caan , morto no primeiro filme. Garcia, diga-se de passagem nunca foi um grande ator, certamente o personagem que interpreta no filme, Vicent Mancini (ele adotou o sobrenome da mãe) não passa de uma sombra perto do personagem de Caan, um homem violento e impulsivo. Certamente, O Poderoso Chefão tem boas seqüências, mas é inferior aos outros filmes da série. “A Trilogia da América” segundo George Stevens

Antes da “trilogia” dirigida por Coppola, outro cineasta tentou contar às transformações que fizeram dos Estados Unidos a nação que viria a se tornar. Estou falando de George Stevens, um artesão fascinado pelos detalhes que compõem uma cena grandiosa, meticuloso ao extremo com seus projetos pessoais, e que dirigiria o que ele mesmo chamou de “trilogia da América” – Um lugar ao sol (1951) baseado no romance clássico Uma tragédia americana de Theodore Dreiser e tendo no elenco Montgomery Cliff e Elizabeth Taylor, ambos no auge da beleza e do talento; dois anos depois Stevens escala Allan Ladd para interpretar um pistoleiro solitário chamado Shane no clássico Os brutos também amam (1953) que divide opiniões até hoje por se tratar de um western atípico e um divisor de águas do gênero. Para fechar a “trilogia”, o mais ambicioso dos três filmes, o épico Assim caminha a humanidade (1956) – novamente com Elizabeth Taylor, e ainda Rock Hudson e James Dean em seu terceiro e último papel no cinema. Os três filmes abordam temas similares como ambição, conquista, derrota, incapacidade de adaptação, amores impossíveis, tragédias tendo como pano de fundo a evolução de um país.Uma saga espacial que dominou as estrelas e o cinema

Dando um salto considerável nesta cronologia cinematográfica lembramos que em 1977 um jovem chamado George Lucas lançaria um filme que poucos acreditavam que faria sucesso, mas Lucas acreditava no potencial de Guerra nas Estrelas, ficção científica reunindo elementos de contos de fadas, aventuras e romance para contar em três partes a saga de Luke Skywalker interpretado por Mark Hamill, princesa Lea Organa (Carrie Fischer) e Han Solo vivido por Harrison Ford na luta junto aos rebeldes contra o vilão estelar Darth Vader a serviço do imperador Palpatine e da Estrela da Morte. O filme fez sucesso e Lucas ganhou subsídios para dar continuidade a sua saga intergaláctica. As inevitáveis seqüências viriam em seguida com O Império contra-ataca (1980) e o mais fraco, O Retorno de Jedi (1983).

Trinta anos depois, George Lucas retomaria o projeto de Star Wars com A ameaça fantasma e O ataque dos clones onde ele conta o que aconteceu antes do nascimento de Luke e como surgiu Darth Vader,isso mostrado no último filme desta segunda trilogia, A vingança do Sith. Para muitos fãs esta nova abordagem não convenceu graças aos furos nos roteiros, a péssima direção de Lucas, sem falar nas péssimas escolhas dos atores que interpretariam Anakin criança e adulto.

Como um velho herói das antigas matinês de domingo

Vamos adiante. De férias, George Lucas teve uma idéia genial – homenagear os antigos seriados exibidos nas matinês de domingos dos anos 30 e 40 – Steven Spielberg então foi chamado para dirigir um dos melhores filmes dos anos 80 – Os Caçadores da arca perdida (1980) que traz Harrison Ford, elevado ao patamar de astro graças ao seu papel na trilogia Star Wars e que agora passa a interpretar um professor de Arqueologia que nas horas vagas recupera tesouros para museus. Seu nome: Indiana Jones, um intrépido aventureiro que corre os maiores perigos e cujo chapéu nunca cai. Indy, para os mais íntimos,em sua primeira aventura vai em busca da Arca da Aliança na qual Móises teria guardado as tábuas onde Deus escrevera Os Dez Mandamentos. Acontece que o exército nazista de Hitler também quer a arca exatamente pelos poderes que ela possa conter.
O filme que tinha como slogan “a volta das grandes aventuras” continha realmente todos os ingredientes que faziam o sucesso dos velhos seriados como um mocinho que enfrenta perigos constantes, vilões que querem a qualquer custo conquistar o mundo, uma mocinha que precisa ser salva a cada quinze minutos, muita ação, suspense, um pouco de romance, misticismo e comédia, e pronto. Um diretor com o completo domínio de sua arte, atores bem escalados, roteiro repleto de reviravoltas e uma ótima equipe de produção fizeram de Os caçadores da arca perdida um arrasa quarteirão e por isso logo ganhou duas seqüências tão boas quanto o original – o sombrio e violento Indiana Jones e o templo da perdição e Indiana Jones e a última cruzada (1988) que traz Sean Connery como Dr.Jones,ninguém menos que o pai de Indiana. Connery rouba a cena e sua sintonia com Harrison Ford trouxe uma nova dimensão para o filme. Com certeza uma das melhores séries cinematográficas da história recente do cinema. Segundo informações divulgadas na internet finalmente em agosto começam as filmagens do quarto filme sobre as aventuras de Indiana Jones.
Continua...

Foto montagem gentilmente produzida e cedida pelo jornalista Marcos Souza

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