03 janeiro, 2007




BATE PAPO Especial

Gosto é algo que não se discute, se lamenta. No cinema essa velha máxima tem quer ser aplicada em dobro, pois falar de filmes é tratar com gostos pessoais, sem que exista um coletivo unânime sobre o que foi melhor ou pior. Por isso mesmo essa lista que o meu amigo e articulista Humberto prepara todo ano é uma delícia de ironia e humor. Levar a sério fica a critério de cada um, mas eu levo bastante a sério, pois de certa forma, muito do que ele comenta tem sua razão de ser - e olha que ainda acho que ele pega leve com algumas obras.

*Cinema é diversão escapistas por natureza e ainda assim é uma forma de expressão que pode ser cultuada dentro dos aspectos das suas propostas, por isso tantos gêneros, escolas, estilos. A escola européia é mais tendenciosa a cabecices, com um tempero a mais na arte e menos na diversão (ainda que seja um paradoxo). O cinema americano é do tipo “pipoca” mesmo, pop, com seus efeitos, histórias mirabolantes (e cada vez mais rasas em sua maioria), por isso ao tratar do que é melhor e pior, a questão é subjetiva, e essa coluna especial do ALMANAQUE propõe uma mostra do que rolou nos cinemas de Porto Velho, ou seja, dos filmes que foram exibidos nas telas de cinema da família Lacerda. E olha que faltou muita coisa. Por isso mesmo leitor perdoe se na lista dos melhores apareçam filmes como: “Crash”, “King Kong”, “Munique” e “Marcas da Violência”, que são de 2005, mas essas produções só foram exibidas por aqui no início de 2006 mesmo.

*E tenha certeza, é uma tarefa árdua e ao mesmo tempo prazerosa, todos os filmes comentados nesse Especial foram assistidos. Aliás, tarefa essa que muitas vezes acompanho, para ver se as avaliações dos filmes estão sendo feitas à contento pelo articulista. Portanto internauta leitor, aproveite e curta esse Especial. E saiba que, como o próprio autor ressalta, a lista comentada é uma opinião formada e ela é sucinta à críticas e elogios.

*Encerro esse Bate Papo ressaltando que essa edição 40 do ALMANAQUE é um motivo de celebração, pois durante esse tempo Humberto apresentou dicas de livros, CDS e DVDs, teceu opiniões e críticas e apresentou uma oportunidade ao leitor de conhecer um pouco mais os meios e os produtos de consumo que fazem da “cultura pop” uma diversão salutar de conhecimento e entretenimento. Por tudo isso, espero comentar mais 40, 80, 120, 160 edições comemorativas. Parabéns ao nobre companheiro de labuta e amigo de longa data. Vamos a diversão! (Marcos Souza – um dos editores do site)


Enquanto isso na Sala de Justiça – Viva o cinema brasileiro

O cinema brasileiro,como acontece todos os anos, continua a luta pela “retomada” com os mesmos ingredientes, ou seja, misturando novos talentos e veteranos. 2006 sem sombra de dúvida foi o ano do diretor Daniel Filho que emplacou dois filmes – Se eu fosse você, com Glória Pires e Tony Ramos, que levou mais de três milhões de espectadores aos cinemas, e o a comédia de humor negro – Muito gelo e dois dedos de água. O primeiro foi exibido no Cine Veneza com relativo sucesso, quanto ao segundo, só Deus sabe quando o veremos.

Mas nem só de Daniel Filho vive o cinema brasileiro. Tivemos também a oportunidade de assistir filmes adaptados de peças que fizeram sucesso como A Máquina (João Falcão) e o Irma Vap - O Retorno dirigido por Carla Camurati, baseado na peça O mistério de Irmã Vap que assim como o filme foi protagonizada pelos atores Marco Nanini e Ney Latorraca. Irmã Vap – O retorno esteve em cartaz no Cine Veneza, depois Cine Rio e foi encerrar sua carreira rondoniense no Cine Brasil.

Os veteranos também marcaram presença. Por exemplo Nelson Pereira dos Santos com Brasília 18%, Cacá Diegues em mais uma parceria com o ator José Wilker no obscuro O maior amor do mundo e Sérgio Rezende com Zuzu Angel protagonizado por Patrícia Pillar. Os três foram exibidos em Porto velho, mas apenas o último conseguiu ficar em cartaz mais de duas semanas.

Os rondonienses puderam assistir também ao último trabalho do humorista Bussunda, que faleceu durante a copa do mundo este ano, no péssimo Seus problemas acabaram, dirigido por José Lavigne, habitual diretor do grupo no programa Casseta e planeta urgente da TV Globo. No elenco além dos “cassetas” o insuportável Murilo Benício. Um fiasco e uma ode ao mau gosto e ao bom senso. Para completar passou despercebida a comédia sem graça protagonizada pelo ator Alexandre Borges, que pagou o maior mico na sua participação no capenga Gatão de meia idade, mas o pior acaba de estrear Xuxa Gêmeas, mas uma abominação que a “titia dos baixinhos” chama de cinema! Desta vez Xuxa,que não satisfeita em massacrar a arte de interpretar com seus personagens sem nenhuma profundidade,resolveu fazer papel duplo,ou seja, o espectador paga um ingresso,mas leva duas Xuxas, isso é dose para leão. A trama não existe e as interpretações são as piores possíveis. Xuxa Gêmeas é uma desculpa da protagonista para reunir nulidades barulhentas como Ivete Sangalo, Marcos Pasquim e outros canastrões globais. Um horror.

Infelizmente ou felizmente muitos filmes nacionais não foram exibidos em nossas parcas telas de cinema como o citado Muito Gelo e Dois Dedos de Água de Daniel Filho; Anjos do Sol; O ano em que meus pais saíram de férias; Árido movie, O céu de Suely; A Concepção; Crime delicado; Estamira; Fica comigo esta noite; Mulheres do Brasil e Boleiros 2. Realmente uma pena.

O cinema brasileiro trava uma batalha desigual com as superproduções norte americanas que investem cada vez mais dinheiro em efeitos visuais e digitais esquecendo que de vez em quando faz bem para a platéia assistir a um filme com roteiro bem escrito,bem dirigido e bem interpretado. Mas vamos deixar de sonhos que a fila está andando e o espectador quer sempre o melhor lugar para apreciar o espetáculo.

Apertem os cintos que o piloto sumiu – Os piores de 2006

A parte mais difícil não é apontar os piores. É arranjar espaço na matéria para tanta bomba. Impossível dizer quais dos filmes que citarei a seguir é o pior do ano, pois o páreo é duro e a concorrência,desleal.

Um dos piores filmes do ano e sem dúvida deve ter sido uma boa pancada no ego inflamado do ex-Indiana Jones, Harrison Ford que protagonizou o fraquíssimo Firewall - Segurança em Risco dirigido por um tal de Richard Loncraine. Acompanhando Ford ao fundo do poço o resto do elenco, Paul Bettany e Virginia Madsen. Cá entre nós. Vocês lembram qual o último filme de Harrison Ford que fez sucesso? Não. Pois é, nem eu.

Seguindo o campo minado encontramos outra pérola. Um filme que durante muitos anos esteve no limbo cinematográfico,mas que infelizmente encontrou uma brecha no sistema e conseguiu ver a luz dos refletores. Estou falando do lamentável e desnecessário Instinto Selvagem 2 com direção de Michael Cotton-Jones, que uniu-se a Sharon Stone para realizarem este verdadeiro caça-níqueis. O resultado não poderia ser outro – fracasso.

Você acha que acabou? Que nada. Tem mais armadilhas esperando por você. Por exemplo Todo Mundo em Pânico 4. Será que os produtores ainda não perceberam que a série deu o que tinha de dar? Óbvio que não. O primeiro não era nenhuma obra prima e os subseqüentes foram caindo na vala comum. Mas existem aquelas pessoas que adoram.

Outra decepção foi o suspense Sentinela dirigido sem criatividade por Clark Johnson, o mesmo do fraco SWAT. Sentinela traz Michael Douglas no piloto automático numa trama que não decola de tão inverossímil e previsível. Ainda no elenco, Kiefer Sutherland, repetindo o Jack Bauer do seriado 24 Horas e Eva Langoria, a Gabriele de Desesparate Housewifes.

Isso sem mencionar nulidades como A Casa do lago, filmes romântico e açucarado que une Keanu Reaves e Sandra Bullock muitos anos depois do sucesso de Velocidade Máxima. Vê-se claramente que a química entre os dois ficou para trás. A casa do lago é recomendado apenas para casais sem crises existenciais. O filme não é ruim, apenas esta história não precisava de uma nova versão.

O cineasta John Moore acertou a mão quando realizou o remake do clássico o Vôo da Fênix há dois anos. Agora o mesmo diretor entrega e estraga o que estava bom. A refilmagem de A profecia, dirigido originalmente por Richard Donner. John Moore quis ser reverente demais com o filme original e acabou fazendo uma cópia desbotada e sem brilho. Lamentável.

A internet é uma grande arma de marketing que Hollywood aprendeu finalmente a usar a seu favor, no entanto, os efeitos colaterais são terríveis. Vejamos este Serpentes a bordo dirigido por David Elis e estrelado por um caricato, mas sempre competente Samuel L. Jackson. Este filme é um absurdo do começo ao fim. Tudo começa quando um rapaz testemunha um assassinato. O rapaz é visto e passa a ser perseguido pelos bandidos que querem mata-lo a qualquer preço. É aí então que entra em cena, Samuel L.Jackson, parodiando Shaft, e salva a testemunha e juntos embarcam num avião para Los Angeles. Tudo parece estar bem,mas de repente cobras e serpentes de todas as espécies começam a atacar todos os passageiros. A partir de então os absurdos tomam de conta da história e a correria começa e um a um ou aos pares vão sendo eliminados pelas serpentes venenosas. Pilotos mortos, passageiros em pânico e um avião prestes a cair. Daí até o final será muita adrenalina. O filme fez o maior sucesso,mas de tão ruim chega a ser bom. É trash puro,recheado de clichês e diálogos que parecem saídos da novela teen tipo Rebeldes ou Malhação. Assista,mas desligue o cérebro.

E para terminar esta parte dedicada aos piores do ano nos cinemas estão as produções Click (Frank Coraci) protagonizada pelo comediante Adam Sandler (eu chamei Sandler de comediante!) que divide a cena com a bela,mas pouco expressiva Kate Backinsale (Van Helsing, Pearl Harbor) . Sandler consegue um controle remoto que o faz voltar o tempo ou pará-lo e acaba usando o aparelho em proveito próprio. Comédia sem graça, mal dirigida e dispensável.

Exatamente como esta continuação intitulada Anjos da noite – a evolução dirigido por Len Wiseman,marido na vida real da protagonista do filme, Kate Backinsale (a mesma de Click) e Scott Speedman. Para ser sincero a tal evolução do subtítulo deve se referir aos milhões gastos nos efeitos especiais para mascarar a mediocridade da produção que sofre desde o primeiro filme,da síndrome de Matrix.

Nem piores e nem melhores – apenas filmes para passar o tempo

Mas muitos filmes que não podemos dizer que não são bons,no entanto não podemos afirmar que sejam ruins,ou seja,ficaram no meio termo. Alguns dos filmes que cito a seguir foram exibidos nos nossos cinemas, muitos deles fizeram sucesso,que não se explica,afinal de contas o público nem sempre está interessado numa boa história e sim em apenas num passatempo para se divertir durante uma hora e meia ou duas horas.

Muitos gostaram da versão para cinema da famosa série dos anos 80 Miami Vice que chega ao cinema pelas mãos de um velho conhecido, o diretor Anthony Mann, (o mesmo de Colateral e Fogo contra fogo). A versão Miami Vice dos anos 2006 traz os atores Collin Farrel, exagerando nos trejeitos e na cara de moço rebelde,mas sensível, e seu companheiro é James Fox, que depois do Oscar por Ray, não tem acertado a mão, serve apenas de escada para o estrelismo de Farrel. Pouca ação, imagem granulada,fotografia horrível, e interpretações pouco convincentes. Vale uma olhada.

Outra produção exibida no Cine Veneza foi A Dama na Água de M. Night Shyamalan, que ficou pouco tempo em cartaz.O filme está longe dos ótimos Sexto sentido e Corpo Fechado. Os filmes anteriores do diretor, Sinais e A Vila também não foram bem recebidos, mas sem dúvida ele ainda tem muito que dizer como cineasta.

Tom Cruise realmente não quer largar Ethan Hunt e junto com o seu novo queridinho J. J. Abrams barbarizam em Missão: Impossível III. O filme,que recebeu elogios até do exigente Rubens Ewald Filho, não tudo isso. Mas verdade seja dita – o filme é bem produzido,porém um fiapo de história não é o suficiente para fazer desta terceira seqüência um bom filme. Missão: Impossível III, apenas diverte. E só. Ao sairmos do cinema logo esquecemos o filme.

Outro campeão de vendas de ingressos foi o esperado e superestimado O Código Da Vinci de Ron Howard baseado no famoso livro homônimo que causou polêmica pelo seu conteúdo contestado pela igreja católica. Na verdade, o livro e o filme dele originado não passam de entretenimento que alguns levaram a sério demais. Claro que isso acabou por beneficiar a bilheteria desta superprodução protagonizada por Tom Hanks,que não estava nos seus melhores dias como ator. O filme de Ron Howard não passa de uma mera curiosidade bem produzida.

O Segredo de Brokeback Mountain de Ang Lee sofreu o boicote dos membros da academia ao perder o Oscar de melhor filme para Crash – no limite, não que este filme não seja melhor,mas o tema do primeiro influenciou os votos dos conservadores da academia. Brokeback Moutain é um filme bem feito, com interpretações acima da média dos dois atores que interpretam papéis difíceis e passivos de preconceitos. Na verdade, muito barulho por nada.

Outros filmes que podemos mencionar são - Memórias de uma Gueixa – Bob Marshall com Ziyi Zhang e Ken Watanabe; o filme catástrofe Poseidon Wolfgan Petersen; duas produções com Bruce Willis - 16 Quadras de Richard Donner e Xeque-Mate de Paul McGuigan e para finalizar esta parte, O Soldado anônimo terceiro longa-metragem de Sam Mendes (Beleza Americana e Estrada para a perdição).

Perdendo o bonde da história – Filmes que não veremos tão cedo a não ser em dvd?

007 – Cassino Royale de Martin Campbell com Daniel Craig assumindo o papel de James Bond. Campbell dirigiu Goldeneye e A máscara do Zorro); Filhos da esperança – Afonso Cuarón, com Clive Owen (Closer); Fonte da vida – Darren Aronofsky com Hugh Jackman e Raquel Weisz; O grande truque – Christopher Nolan (Amnésia/Batman Begins) com Hugh Jackman (X – Men) Christian Bale (Batman Begins); O ilusionista – Neil Burger com Edward Norton; Os Infiltrados – Martin Scorsese com Jack Nicholson, Leonardo Di Caprio,Matt Dillon; O labirinto de Fauno – Guilherme Del Toro – Blade 2 e Hellboy.; A Conquista da honra de Clint Estwood com Ryan Phillipp (Crash) e Adam Beach; Três enterros que marcou a estréia na direção de Tommy Lee Jones; Vôo United 93 de Peter Greengrass;; Ponto Final - Match Point – Woody Allen; Boa Noite e Boa Sorte de George Clooney estes últimos disponíveis em dvd.

Com vocês os melhores de 2006 – Pelo menos na minha humilde opinião

Existem filmes e filmes. E cada um tem a sua opinião sobre qual é o melhor,o pior, e assim por diante. A cada ano que passa fica mais difícil fazer estas escolhas sem cometer injustiças. Por isso dividi esta sessão em três blocos distintos como 01) filmes inesquecíveis; 02) Filmes importantes e 03) filmes divertidos.

03) Filmes divertidos. O critério que usei aqui foi bem simples. Nada impede que uma produção cheia de efeitos especiais não mereça respeito por parte dos críticos. Se os fãs gostam e por isso faz sucesso então quem sou eu para falar mal. Nesta lista relaciono:

X- Men - O Confronto Final de Bret Ratner que entrou no barco quando Brain Singer partiu para trazer de volta o Homem de Aço. Ratner conseguiu realizar um filme a altura dos anteriores reunindo antigos personagens e novos com maestria. X- Men O confronto Final segue a receita perfeita do ótimo entretenimento que reúne criatividade,qualidade, efeitos especiais sem esquecer da importância dos personagens. Como sempre o destaque vai para Ian Mckallen como Magneto e Hugh Jackman,perfeitamente à vontade como Wolverine.

Outros filmes que colocamos nesta lista é Superman - O Retorno dirigido com paixão por Bryan Singer. Talvez este excesso de paixão pelo personagem e pelo filme de Richard Donner Superman, o filme, tenham impedido que o jovem cineasta voasse mais alto. O filme tem cenas antológicas como o salvamento do avião, o tiro no olho, o vôo com Lois Lane, o salvamento no mar, mas dá escorregões como um roteiro pouco criativo e pouca ação. Fora isso, Superman, o retorno tem tudo para agradar, e mesmo não sendo o sucesso esperado de bilheteria em breve veremos uma continuação. Para o alto e avante!

E finalizando esta parte o campeão de bilheteria Piratas do Caribe: O Baú da Morte de Gore Verbinsck que reúne quase todo o elenco do primeiro filmes para dar continuidade às aventuras do pirata Jack Sparrow, sem sombra de dúvida continua sendo o melhor atrativo para o público. Excessos tiram um pouco o brilho desta seqüência que foi filmada junto com a terceira parte que deve estrear em 2007. Mesmo assim um dos melhores filmes de aventura do ano. Porém, o primeiro – Piratas do Caribe, a maldição do Pérola Negra continua imbatível.

02) Filmes importantes. Relacionei aqui quatro filmes feitos por cineastas que sempre têm algo a mais a contar para o espectador. E cada um deles conquistou merecidamente o seu público.

O polêmico Spike Lee brindou o público com o um filme onde nada parecer ser o que é. O Plano perfeito é uma mistura eficaz de roteiro criativo, elenco afiado e direção inspirada. Um dos melhores filmes do ano. Outra produção de destaque é o aclamado V de Vingança baseado na obra de Alan Moore e dirigido por James Mctiegue que traz no elenco à talentosa Nathalie Portman. V de Vingança é um soco no estomago.

Destacamos também o mais novo trabalho de Brian De Palma em Dália Negra, De Palma realiza aqui um noir em cores baseado em fatos reais. Ótima reconstituição de época e os preciosismos técnicos típicos do diretor. Pena que o filme ficou apenas uma semana em cartaz no Cine Veneza.

2006 foi o ano que dois cineastas, entre eles Peter Greengrass com Vôo United 93 (citado acima) e Oliver Stone com Torres Gêmeas tentaram recontar histórias trágicas do fatídico 11 de setembro. O primeiro não foi exibido em Porto Velho e tivemos de assistir em dvd, que por sinal demorou muito a chegar. Quanto ao segundo, ficou cerca de três semanas em cartaz, estreou no Cine Veneza e depois foi para o Cine Rio. O filme dividiu a crítica e o público. O que posso dizer sem me prolongar muito é que nem parece um filme de Oliver Stone, mas como sempre é latente a preocupação com os detalhes e o realismo. Um bom filme,mas que ás vezes resvala para a pieguice, sem no entanto prejudicar o desenvolvimento da história.

03) Filmes inesquecíveis. Todos os anos centenas de filmes são realizados. Muitos são exibidos nos cinemas e outros saem direto em dvd. Os cinco que relaciono abaixo foram exibidos no cinema e estão disponíveis em dvd. Estes filmes feitos por diretores com estilos diferentes formam o quinteto que reúne os melhores do ano.

Apesar de ser uma refilmagem de um clássico de 1933, o King Kong de Peter Jackson, o consagrado diretor da trilogia Senhor dos Anéis, é na verdade uma homenagem ao cinema e ao filme original dirigido por Merian C.Cooper. Tudo no filme de Jackson funciona. Os atores, os efeitos especiais a serviço da história e tudo mais. King Kong foi lançado em 2005,mas foi exibido em Porto Velho em 2006 alcançando grande sucesso.

O filme dirigido por Steven Spielberg, Munique, foi bastante criticado e também ignorado na entrega do último Oscar. Bobagens à parte, Munique figura entre os melhores filmes do cineasta que conta uma história forte com um realismo contundente. O elenco encabeçado por um surpreendente Eric Bana,dá conta do recado com profissionalismo,entre eles o ator Daniel Craig, o novo James Bond. Nesta lista de melhores de 2006, este filme não poderia ficar de fora.

Outro filme que pudemos assistir apenas em dvd foi o aclamado Crash – no limite, que com justiça ganhou o Oscar de Melhor filme de 2006. O filme dirigido por Paul Higgis, roteirista do também premiado Menina de ouro que ele roteirizou para Clint Eastwood dirigir. O filme traz um elenco de estrelas como Sandra Bullock e ótimas performances de Don Cheadle e Matt Dillon, realmente surpreendente como um policial racista. Crash mostra várias histórias, tipo Short Cuts – Cenas da vida de Robert Altman, envolvendo vários personagens que acabam se envolvendo em situações que os levam ao limite. Certamente um dos melhores filmes de 2006.

Depois de tanta conversa chegamos ao que interessa. Os filmes que relaciono a seguir foram para mim os melhores filmes do ano. Claro que os citados acima também fazem parte, mas estes dois são produções que mexeram, emocionaram, fizeram refletir. Certamente eles não foram campeões de bilheteria e não usam e nem abusam de efeitos especiais, no entanto, suas histórias e a forma como são contadas fizeram deles os campeões em minha opinião. São eles - Marcas da violência de David Cronemberg e O jardineiro fiel de Fernando Meirelles com Ralph Fienes e Raquel Weisz.

O filme dirigido por David Cronemberg mostra Viggo Mortensen (Senhor dos Anéis) como um pacato dono de uma lanchonete numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Um dia chegam dois homens armados que tentam assaltar o local,no entanto, a reação dele é fulminante e os dois bandidos acabam mortos. A partir deste incidente seu verdadeiro passado vem à tona.

Ainda no elenco, Maria Bello, que protagoniza duas ótimas e realistas cenas de sexo com Mortessen; Ed Harris como um assassino profissional numa caracterização sinistra. Isso sem falar na participação especial de Willam Hurt, realmente impagável. Marcas da violência é um filme que faz refletir. Um soco no estômago. Dói na hora,mas serve para você pensar um pouco sobre o quanto a vida é frágil.

Quanto a estréia internacional do cineasta brasileiro Fernando Meirelles com o excelente O Jardineiro fiel, baseado no livro do escritor John Le Carré e tendo no elenco Ralph Fienes numa interpretação contida, mas impactante, e a ganhadora do Oscar de Melhor atriz do Oscar 2006, a talentosa Raquel Weisz, que graças a sua atuação deixa de ser conhecida apenas pelo seu papel no divertido A Múmia e em sua continuação. Em o Jardineiro Fiel, ela interpreta um ativista que desaparece. Primeiro querem fazer crer que ela fora morta por um amante,mas o marida dela,vivido por Fienes parte em busca da verdade. Verdade esta que lhe custara a vida também.

Depois do sucesso de Cidade de Deus muitos acharam que fora um golpe de sorte de Meirelles. Com O Jardineiro fiel ele mostrou que veio para ficar e provou seu talento.

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