05 janeiro, 2007


"Por toda a minha vida" especial em homenagem a Elís Regina

A programação, dita especial, de fim de ano realmente deixou muito a desejar. No mais foram exibidos os programas de sempre com algumas raras modificações e todas as redes, como de praxe, exibiram as suas retropectivas, como acontece todos os anos, shows com sumidades do que eles chamam de "música popular brasileira", mas nada que empolgue, a não ser aos que já se acosturamaram com a mediocridade geral que assola a televisão brasileira.
No entanto, algo estranho aconteceu - e não foi nenhuma invasão extraterrestre ou a descoberta de que Bush é um clone - Não, nada disso. Apenas o especial exibido pela Rede Globo na quinta-feira, 28 de dezembro - Por toda a minha vida - em homenagem a cantora Elís Regina. Um programa raro e que me pegou de surpresa.
o programa, apresentado por Fernanda Lima, acompanha a trajetória da cantora desde criança, a adolescência quando começou a cantar num programa de rádio, a ida para o Rio de Janeiro, a amizade com Milton Nascimento e Gilberto Gil na época artistas desconhecidos, as brigas com Ronaldo Bôscoli com quem acabaria casando, os sucessos como Arrastão, as polêmicas, e cenas de arquivo mostrando Elís cantando com Tom Jobim, a interpretação personalíssima para Atrás da porta de Francis Hime e Chico Buarque, o segundo casamento com o também músico César Camargo Mariano e depoimentos emocionados e emocionantes de Miéle, Nelson Motta, da mãe de Elís, de Jair Rodrigues que apresentou com a cantora o programa o Fino da Bossa e gravou três discos com músicas cantadas no programa e muito mais.
A Globo caprichou na homenagem, no entanto nem tudo é perfeito. Ocorreram alguns pequenos deslizes como por exemplo, a data do nascimento da cantora é 17 de março e não 18, como é dito no programa pelo cantor Jair Rodrigues, em momento algum é citada a Rede Record que promoveu os festivais, a causa da morte de Elís, a parte dramatizada ficou artificial e parecendo teatro filmado, no entanto o pecado maior, a escalação de Fernanda Lima para apresentar o programa. A moça não conseguiu ser natural em nenhum momento. Realmente uma bola fora. Talvez o fato dela ser gaúcha como Elís justifica sua presença no especial, justifica, mas não explica. Mesmo assim Por toda minha vida, foi um momento raro, valioso e inesquecível. Afinal de contas Elís Regina não mericia menos.
Infelizmente alguns artistas consagrados não quiseram participar, como Caetano Veloso, que questionou o porque de um especial para lembrar os vinte e cinco anos da morte da cantora. Uma besta. Outro que também declinou do convite foi João Bosco que inclusive teve inúmeras composições gravadas por Elís em vários discos e ainda um lp somente com músicas dele e de Aldir Blanc, e ainda Chico Buarque e César Camargo Mariano que quiseram ler o rotreiro das perguntas e do programa, mas não foram atendidos. Uma pena.
Ao mesmo tempo devo lembrar que o campositor João de Barro falecido na véspera de natal também deveria ganhar um especial semelhante, pois Braguinha, como também conhecido o compositor foi um dos mais importantes da nossa música. E assim como ele, outros compositores como Herivelto Martins, Zé Keti, Noel Rosa, Ary Barroso, Cartola,Ataulfo Alves, apenas para citar alguns, também merecem um especial com pelo menos um hora de duração ou mais.
Não custa nada sonhar.
Humberto Oliveira

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